sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A uma distante

             Por muito tempo estimei as passantes como as mulheres ideais do homem tímido. Aqueles que, como eu, não sabem, ao falar com uma mulher, onde enfiar essas mãos cheias de dedos e terminam por metê-las pelos pés, acabando num nó de complicações inexistentes, sabem de cor seu charme: a passante existe somente durante o breve momento em que nossos caminhos se cruzam, mas, em compensação, é tudo o que você quer que ela seja. Se você tenta alcançá-la, ela desaparece em uma mulher real; a desculpa perfeita para a contemplação distante!
             Mas eu me enganei! Há um arquétipo ainda melhor para entregarmos nossos coraçõezinhos: a paixão distante. As vantagens de se apaixonar por uma ausente são, para quem já o fez, bem claras. Mantém-se o mais importante: a desculpa para jamais tomar qualquer tipo de atitude em relação aos seus sentimentos. Afinal, ela vive tão longe, que bem poderia trazer declarar-se? Você não poderia tê-la mesmo... não, não, melhor continuar confortavelmente calado. A outra vantagem, e isso pode soar estranho após o que foi dito das passantes, é justamente uma concretitude maior. Claro, perdendo-se um bocado de idealização, perde-se a perfeição. Mas ganha-se a sensação de amar uma mulher de verdade, com gostos, sentimentos, jeito de falar, dia a dia, tudo aquilo que uma mulher de verdade partilharia com você. E enquanto ela te conta sobre tudo isso, vai crescendo em você a ilusão de que, quem sabe, ela sinta o mesmo. De que ela esteja apenas esperando o momento em que você irá de encontro a ela para que possam ser felizes para sempre. A paixão distante é perfeita para nós, companheiros, porque é o mais perto que se pode chegar de uma mulher real sem se comprometer, sem se expôr aos riscos envolvidos na conquista de uma mulher de carne e osso. Poderia ser melhor que isso? Vou até entrar no Facebook, ver se uma certa sueca está online...