terça-feira, 20 de março de 2012

A Quest

            Eu acho muito legal como, quando você vai sempre no mesmo supermercado, qualquer mudança nele te irrita. Quebra aquela familiaridade gostosa com o ambiente. É como se alguém fosse na sua casa e mudasse os quadros de lugar. Talvez seja por isso que eu não tenha gostado nem um pouco quando me deparei com um tentáculo cor de rosa de cinco metros brotando do chão e bloqueando meu caminho quando eu fui comprar cerveja. E o pior é que não dava nem pra dar a volta, já que o filho da puta resolveu brotar BEM NA FRENTE DA PORRA DA GELADEIRA.
            Lembra no terceiro ano, quando você estava estudando e você empacava no exercício 11 da lista de Geometria porque pra resolver você precisava ter uma sacada que simplesmente não tava rolando? Foi exatamente assim que eu me senti ali, parado, com a mão no queixo, tentando pensar num jeito de sair daquela situação absurda. Foi aí que eu reparei que logo ao meu lado estava um cara com exatamente a mesma expressão que eu. E foi aí que tive uma ideia.
            -Ô brother, cê também tá querendo comprar breja?
            -Tô sim, cara, mas esse tentáculo aí fode.
            -Então, cara, eu tive uma ideia. Cê topa distrair ele enquanto eu vou ali pegar as cervas?
            -Ôrra, topo sim, mas distrair como?
            -Pega aquela vassoura ali e dá umas cutucadas nele.
            Na primeira cutucada o tentáculo agarrou o sujeito pela cintura e começou a bater no teto. Enquanto isso, peguei as cervejas os mais rápido que pude, botei dois 12-pack no meu carrinho, dois no dele, agradeci e fui embora.
            É, cara, supermercado quando muda é foda.